SAÚDE: Estudo associa risco de demência a pesadelos frequentes na meia-idade

Pessoas de meia-idade com pesadelos frequentes podem ter probabilidades maiores de serem diagnosticadas com demência nos anos seguintes. A descoberta faz parte de uma pesquisa publicada na revista científica The Lancet na quarta-feira (21). Os pesadelos podem começar a ser frequentes muitos anos ou até décadas antes de outros sintomas comuns à demência surgirem, como problemas de memória e raciocínio.

Como estudos anteriores já haviam associado pesadelos frequentes ao surgimento de demência em pessoas com Doença de Parkinson, os pesquisadores resolveram investigar se essa condição também se aplicaria a pessoas não diagnosticadas com a doença.

“Isso é importante porque existem muito poucos indicadores de risco de demência que podem ser identificados tão cedo quanto na meia-idade. Embora seja necessário mais trabalho para confirmar essas conexões, nós acreditamos que pesadelos podem ser uma forma útil de identificar indivíduos com alto risco de desenvolver demência e colocar em prática estratégias para frear o surgimento da doença”, afirma Abidemi Otaiku, autor do estudo e pesquisador da Universidade de Birmingham (Reino Unido).

A pesquisa envolveu a análise de informações de 600 adultos entre 35 e 64 anos e 2.600 idosos a partir dos 79 anos. Os participantes preencheram alguns questionários, respondendo a perguntas sobre a qualidade do sono e com que frequência tinham pesadelos.

O software estatístico usado para a análise de dados indicou que as pessoas entre 35 e 64 que têm pesadelos semanalmente têm quatro vezes mais chance de passar por declínio cognitivo na década seguinte.

Os resultados também indicaram que homens idosos que tinham pesadelos semanalmente tinham cinco vezes mais chance de desenvolver demência do que os idosos que não relataram pesadelos. Já no caso das mulheres, o aumento foi de apenas 41% para as que têm pesadelo.

O cientista pretende, agora, investigar se jovens que têm muitos pesadelos também têm mais risco de desenvolver demência, além de identificar se características dos sonhos (como quão vívidos eles são) também podem ser indicativos.