Após detecção de Poliovírus Circulante Derivado Vacinal tipo 3 (cPVDV3) em amostras de águas residuais no município de Saint-Georges-de-I’Oyapock, na Guiana Francesa – que faz fronteira com o município brasileiro de Oiapoque (AP) – o Ministério da Saúde implementou ações para intensificar a vacinação contra a poliomielite e a vigilância das Paralisias Flácidas Agudas (PFA) no país. Além de reuniões e webinários, a pasta enviou equipe técnica do Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI) para o Oiapoque. No local, foi ainda realizada varredura casa a casa, com o propósito de atualizar a situação vacinal de todas as crianças menores de cinco anos de idade e a busca ativa institucional e comunitária de casos de PFA. A circulação do poliovírus foi comunicado ao Brasil pelo Departamento de Saúde Pública da Guiana Francesa no dia 16 de setembro deste ano.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a identificação do poliovírus no ambiente deve ser tratada como uma prioridade para os serviços de saúde pública, principalmente no caso de localidades que estejam com baixas coberturas vacinais, assim como aquelas com indicadores de vigilância epidemiológica abaixo da meta estabelecida.
Desde 2016, as coberturas vacinais vinham caindo no Brasil. No entanto, a partir de 2023, quando o governo federal colocou a vacinação como uma das pautas prioritárias, a vacinação voltou a crescer. No ano passado, a cobertura vacinal contra a poliomielite no Brasil chegou a 86,60%, e no Amapá, 65,72%.
Mesmo o Brasil tendo registrado o último caso de poliomielite há 35 anos e ter recebido o Certificado de Área Livre de Circulação do Poliovírus, segundo a Comissão Regional de Certificação da Erradicação da Poliomielite na Região das Américas da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o risco de reintrodução do poliovírus é alto.
Após análise de risco, o Ministério da Saúde recomenda a necessidade de intensificação das ações de vacinação, vigilância epidemiológica e laboratorial das Paralisias Flácidas Agudas no Amapá, em especial no município de Oiapoque e nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dsei), devido ao alto fluxo de pessoas entre os países. A pasta reforça também a importância do desenvolvimento de estratégias articuladas nas ações de prevenção e controle da poliomielite no Brasil, especificamente na imunização, vigilância epidemiológica, inquérito coprológico e investigação de águas residuais. Além disso, a Saúde publicou a Nota Técnica Conjunta nº 190/2024-DPNI/SVSA/MS para alertar e orientar os órgãos de saúde sobre as medidas de prevenção contra a poliomielite após o poliovírus ter sido identificado no país vizinho.