A regulamentação do uso da maconha (Cannabis sativa) ainda é motivo de discussão no Brasil, mas o País assiste a um crescimento do mercado de cannabis medicinal. Seja por questões legais ou farmacológicas, aperfeiçoar técnicas de detecção das substâncias mais conhecidas da planta (THC e canabidiol) é alvo de pesquisadores da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP) da USP que anunciam resultados positivos com um novo método à base da eletroquímica.
Responsável pelo desenvolvimento e testes da novidade, a pesquisadora Juliene Morais de Faria afirma que produziram um método eficaz, portátil e barato como alternativa aos utilizados atualmente pelas forças policiais e indústria farmacêutica na detecção dos canabinoides (THC e CBD). As técnicas em uso são as colorimétricas, em que uma substância muda de cor ao contato com a maconha, e as cromatográficas, que separam e identificam os componentes da amostra.
Segundo Juliene, a colorimetria é “pouco seletiva, pois pode originar a mesma coloração para diferentes tipos de canabinoides”, além do potencial de fornecer “falso positivo ao reagir com um grupo químico presente em outras substâncias”. Já os instrumentais das cromatografias têm custo elevado, precisam de maior tempo para as análises e não são portáteis.
Entre as vantagens do novo método desenvolvido pela equipe da USP, a portabilidade e o baixo custo operacional são obtidos pela pouca quantidade de insumos utilizados: amostra extremamente pequena, quando comparada ao teste colorimétrico; alguns microlitros de reagentes, bem menores que os da “cromatografia líquida ou até mesmo da cromatografia em camada delgada, além de não necessitar do uso de gases como na cromatografia gasosa”, compara a pesquisadora.
Ainda com relação aos custos baixos, Juliene lembra que o método eletroquímico usa sensores feitos de eletrodos plásticos (ABS) impressos em 3D que custam em média R$ 1,57 cada, aproximadamente 90% mais baratos que os eletrodos comerciais. E também usa um potenciostato, aparelho que manda eletricidade para a solução feita com o extrato da planta, gerando corrente elétrica diferente a cada substância identificada. Esse aparelho é portátil e custa apenas “um centésimo do preço dos instrumentos convencionais”, informa o professor Marcelo Firmino de Oliveira, orientador da pesquisa.