Uma ampla revisão de estudos realizada por pesquisadores da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) e da Universidade de São Paulo (USP) concluiu que a suplementação por ômega-3 não promove efeitos no ganho de massa muscular e de força em adultos e idosos saudáveis.
O benefício mais conhecido da suplementação de ômega-3 é para a saúde cardiovascular, mas os pesquisadores resolveram analisar se havia benefícios também no ganho de massa muscular ao perceber um aumento das indicações para essa finalidade.
Para chegar aos resultados, os pesquisadores identificaram 4.403 estudos, em quatro bases de dados científicas (PubMed, Embase, Cochrane e SPORTDiscus), envolvendo a suplementação com ômega-3. Eles aplicaram métodos estatísticos para cruzar os resultados desses estudos e chegar ao resultado mais factível do efeito do tratamento. No entanto, somente 14 estudos foram incluídos na metanálise final por reunirem os critérios de qualidade necessários para a avaliação. Ao todo, os pesquisadores examinaram dados de 1.433 participantes, sendo que 11 estudos foram feitos com idosos e três com adultos.
“Estamos na era do caminho mais fácil. Dentro da nutrição esportiva, as pessoas querem encontrar a fórmula mágica tanto para emagrecer quanto para ganhar massa muscular. Há diversos sites que indicam treinos mirabolantes e suplementos cheios de promessas. Por isso, nosso foco era entender se realmente havia algum benefício na suplementação do ômega-3 no ganho de massa muscular. E, quando olhamos para os dados científicos para ver se existia alguma evidência, não encontramos nada”, afirma a nutricionista Heloísa Castanheira Santo André, autora do estudo e doutoranda na Faculdade de Ciências Aplicadas da Unicamp.
Segundo a pesquisadora, os resultados mostraram uma possível relação da suplementação de ômega-3 com o ganho de força – um efeito pequeno, mas significativo. Mas não houve a associação entre a suplementação e o ganho de massa magra e a função muscular. “O ganho de força é medido por parâmetros diferentes e não envolve necessariamente o ganho de massa muscular. Então sabemos que eles não são ganhos dependentes, mas possuem uma relação mais indireta. A pessoa pode ganhar força sem ter um aumento significativo de massa muscular”, explicou.
Fonte: Revista GALILEU