Cientistas da China anunciaram que irão construir o primeiro telescópio de neutrinos em mar profundo do oeste do Oceano Pacífico. O maior observatório submarino do mundo ficará no Mar da China Meridional e poderá resolver um enigma centenário: a origem dos raios cósmicos.
O Trident (Telescópio de Neutrinos em Águas Profundas Tropicais) faz parte de uma iniciativa liderada pela Universidade Jiao Tong de Xangai. O Instituto Tsung-Dao Lee, vinculado à universidade, publicou os planos de construção na revista Nature Astronomy no último dia 9 de outubro.
O observatório, que será o maior detector de neutrinos do mundo, ficará ancorado no leito do mar, a 3,5 km de profundidade no Oceano Pacífico Ocidental, onde escaneará a água circundante em busca dos flashes de luz gerados quando neutrinos cósmicos colidem com moléculas de água.
Segundo comunicado do Governo Popular Municipal de Xangai, os neutrinos estão entre as partículas subatômicas mais abundantes no universo, com centenas de trilhões deles emanando do Sol e passando por nossos corpos a cada segundo. Esses “viajantes fantasmas” vagam eletricamente neutros pelo cosmos.
“Os neutrinos, conhecidos por sua capacidade fantasma de penetrar a matéria, podem escapar de eventos cósmicos intensos, como explosões de supernovas e erupções de buracos negros”, conta Jing Yipeng, líder do projeto, no comunicado. Segundo o cientista, isso torna essas partículas ideais para estudar os fenômenos mais poderosos do universo e ainda obter deslumbres sobre a física fundamental.
Previstos em 1930 e detectados só em 1956, os neutrinos renderam estudos que já ganharam quatro prêmios Nobel — como o de 2015, conquistado pelos cientistas Takaaki Kajita e Arthur McDonald, que descobriram que essas partículas possuem massa.
Segundo o site South China Morning Post, os neutrinos também estão presentes nos raios cósmicos do espaço profundo, que bombardeiam constantemente a atmosfera da Terra. Porém, mais de um século após sua descoberta pelo físico austríaco Victor Hess, os cientistas ainda não têm certeza de onde exatamente esses raios vêm.
Fonte: Revista GALILEU