Televisão completa 70 anos no Brasil nesta sexta-feira

Por Revista IstoÉ

A data para a primeira transmissão de televisão no Brasil estava marcada: 18 de setembro de 1950. Um mês antes, durante uma reunião, o engenheiro americano Walther Obermüller, responsável técnico, perguntou informalmente quantos aparelhos de TV havia no País. O pai da iniciativa, o jornalista paraibano Assis Chateaubriand, poderoso empresário à frente de um império de jornais e rádios, os Diários Associados, respondeu: nenhum. Chatô tentou importar os aparelhos, mas pelo trâmite legal eles levariam dois meses para chegar. O empresário pediu a ajuda do então presidente Eurico Gaspar Dutra, mas o prazo para a entrega seria o mesmo. A saída foi contrabandear 200 aparelhos, prometendo o primeiro ao próprio presidente Dutra. Os outros 199 foram espalhados em pontos públicos da cidade de São Paulo.

No dia da transmissão, na hora H, após a benção do bispo de São Paulo, uma das três câmeras falhou. Mesmo assim, no horário anunciado, a TV Tupi Difusora se tornou a primeira estação de televisão da América Latina e a quarta do mundo, atrás apenas dos EUA, Inglaterra e França. Suas antenas do Alto do Sumaré, na zona oeste da capital paulista, emanaram a primeira imagem transmitida no País. A atriz Sonia Maria Dorce, de seis anos, vestida de índio, o mascote de TV Tupi, anunciou: “Boa noite. Está no ar a televisão do Brasil”. Em seguida, Chatô discursou e nomeou a poetisa Rosalina Coelho Lisboa como “a madrinha da TV”. Foi ao ar, então, o primeiro programa da TV brasileira, “TV na Taba”, com o ator Lima Duarte e músicas cantadas por Ivon Cury e Lolita Rodrigues. Nascia a TV brasileira.

A linha do tempo da televisão no País teve uma série de marcos históricos. Em 1953, nascia TV Record; em 1954 foram transmitidas as primeiras partidas de futebol e o País se reuniu na frente da telinha para chorar a morte do presidente Getúlio Vargas. Em 1963, o programa de auditório de Silvio Santos começou a ser exibido nas tardes de domingo pela TV Paulista. Em 1965, entrou no ar a TV Globo. A TV Bandeirantes veio em 1967; dois anos depois, foi a vez da TV Cultura. Com o videotape, a televisão não precisava mais ser 100% ao vivo, e a qualidade dos programas começou a crescer. Surgiram atrações de sucesso como “Rancho Alegre”, humorístico estrelado por Mazzaroppi; o “Grande Teatro Tupi”, com peças televisionadas; o jornalístico Repórter Esso, que se autointitulava “testemunha ocular da história”; “O Céu é o Limite”, show de perguntas e respostas com Aurélio Campos. Logo a televisão passou a fazer parte essencial do cotidiano do brasileiro. Pesquisa de 2018 apontou que havia pelo menos um aparelho de TV em 96,4% dos lares brasileiros – hoje são mais de 100 milhões de unidades em todo o País.