Variante de Manaus da Covid-19 é até 2,2 vezes mais infecciosa que a comum, indica simulação

Um estudo que analisou a evolução genética da variante P.1 da Covi-19, surgida em Manaus, concluiu que esta cepa do vírus é de de 1,4 a 2,2 vezes mais infeciosa que a tradicional, e muito propença a causar reinfecção. Segundo a pesquisa, num grupo de pessoas que já contraiu a linhagem original do Sars-CoV-2, entre 25% e 61% dos pacientes expostos à nova linhagem do vírus se reinfectariam.

A conclusão, baseada em estudos que cruzaram dados genômicos do vírus com números da epidemia, foi anunciada num estudo preliminar liderado pelo cientista português Nuno Faria, da Universidade de Oxford, em colaboração com Ester Sabino, do Instituto de Medicina Tropical da USP.

A equipe internacional liderada pelos pesquisadores anunciou os resultados na última sexta-feira (26) em um artigo preliminar (ainda sem revisão independente). No trabalho, os pesquisadores analisaram o material genético de 184 amostras de vírus colhidas em Manaus entre novembro e janeiro últimos. Concluíram, com base na diferença entre elas, que a P.1 emergiu no início de novembro, mais de um mês antes de ser inicialmente detectada, e em apenas sete semanas se tornou dominante na região.

“Nós mostramos que a segunda onde de infecção em Manaus foi associada com a emergência e o rápido espalhamento de uma nova linhagem preocupante do Sars-CoV-2”, relatam os cientistas no estudo. “A linhagem carrega um conjunto único de mutações, incluindo várias que já haviam sido demonstradas como de importância virológica.”

Além de olhar para dados genômicos e epidemiológicos, os cientistas também analisaram dados sobre carga viral de 900 amostras de pacientes colhidas na região de Manaus, incluindo as 184 sequenciadas geneticamente. A carga viral média nos indivíduos aumentou à medida que a P.1 se tornou dominante no cenário, e reforçou conclusão que já havia sido relatada em um estudo da Fiocruz.