Vereadora de Natal, Samanda Alves (PT), critica nomeação de um homem para a Secretaria Municipal de Política para as Mulheres

A vereadora de Natal, Samanda Alves (PT), criticou a nomeação de Saulo Spinelly para o cargo de secretário-adjunto na Secretaria Municipal de Política para as Mulheres (Semul). Em um artigo publicado no jornal Diário do RN, a vereadora afirma que o ato é impróprio e faz questionar qual será a linha de política que o secretário vai seguir nesta gestão. Confira o artigo:

“Natal, um passo atrás na política para as mulheres”

As mulheres da capital potiguar receberam um presente da nova gestão um tanto inadequado: a nomeação de um homem para o cargo de secretário adjunto da Secretaria Municipal de Política para as Mulheres (Semul). Os espaços institucionais de políticas públicas são resultados de um longo processo de luta e resistência do movimento feminista. A indicação de um gestor para um espaço como esse, além de imprópria, nos faz questionar sobre qual será a linha política que a Semul vai seguir nesta nova gestão.

Segundo um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) sobre Mulheres no setor público da América Latina e do Caribe, no Brasil apenas 25,8% dos cargos de liderança em setores como educação, saúde e trabalho e desenvolvimento social são ocupados por mulheres, e, quando nos voltamos para as demais áreas, esse número cai para 15,4%, o que mostra a sub-representação, mesmo sendo mais da metade da população brasileira.

Enquanto o prefeito Paulinho fazia a indicação de um homem para a Semul, a imprensa potiguar trazia a notícia de que o Centro de Referência da Mulher Cidadã Elizabeth Nasser (Cren), estaria de portas fechadas por estar sem fornecimento de energia elétrica. A indicação de uma figura masculina para ocupar esse espaço mostra insensibilidade e despreparo da gestão para com as mulheres de Natal. Esse gesto é, antes de tudo, um rompimento com a construção histórica por cidadania e garantia de direitos fundamentais da população feminina. O sucateamento da estrutura onde políticas públicas voltadas a nós acontecem é resultado desse desinteresse em tratar os anseios das mulheres com seriedade.

Os movimentos feministas da cidade, o Conselho Municipal dos Direitos das Mulheres (CMDM), e os mandatos de parlamentares mulheres têm cobrado que essa nomeação seja revista e que seja indicada uma mulher com formação técnica e adequada para ocupar este espaço. Ao demonstrar minha insatisfação diante dessa nomeação, tenho sofrido ataques misóginos e lesbofóbicos nas redes, mas isso não nos para. Seguiremos juntas, acompanhando e fiscalizando a Semul para garantir que esta secretaria seja verdadeiramente
um espaço para tornar nossos anseios em políticas públicas para todas as mulheres de Natal.