Ah, Natal! Terra de belezas naturais e, infelizmente, de algumas feiúras políticas que nos fazem rir para não chorar. Quase agora, nesta sexta-feira, 16, durante uma motociata com a presença do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro, testemunhamos uma cena que poderia ser facilmente um roteiro de comédia pastelão: o deputado Gonçalves, em sua garupa de moto, ostentando um bandeirão do seu candidato a prefeito em Natal Carlos Eduardo Alves, que, vale lembrar, foi punido e condenado pelo TCU. E o que dizer da afirmação de Gonçalves de que “não vota em condenado”? Frase que até ele usou para não apoiar a candidatura bolsonarista a prefeito de Parnamirim de Salatiel de Souza. Mas logo ele, que se elegeu deputado ao lado do condenado Wendel Lagartixa… Caro leitor, a contradição parece ter se instalado confortavelmente no coração da política potiguar.
Gonçalves, que se autodenomina exemplo para os cidadãos do nosso querido Rio Grande do Norte, parece ter esquecido algumas regras básicas da lógica, da ética e, pasmem, até da legislação. A imagem de um deputado, que deveria ser um farol de moralidade, circulando pelas ruas sem capacete, não é apenas uma infração grave — é uma metáfora perfeita do que se tornou a nossa política: uma verdadeira caravana de irresponsabilidade. E ainda por cima, ele está dando exemplo? Que exemplo é esse que não respeita nem as normas de trânsito?
A incoerência de Gonçalves é a prova de que, em tempos de polarização, muitos se esquecem do que realmente importa: a ética e a responsabilidade. Ele carrega um símbolo de apoio a um político de um ex-prefeito condenado, mas quer que a população acredite que está acima de qualquer suspeita. O que esperar de um representante que, em vez de liderar pelo exemplo, se esconde atrás de discursos vazios e ações contraditórias?
A motociata em si é uma forma de angariar apoio, claro, mas com que base? O eleitor potiguar merece mais do que isso. Merece representantes que realmente se preocupem com a moralidade, com a legalidade, com a segurança. E não com bandeiras que são mais um adereço para o espetáculo do que um compromisso sério com a população.
E, por fim, é impossível não se perguntar: qual o futuro desse estado se os nossos representantes se comportam dessa maneira? Se o exemplo vem de quem menos deveria ser seguido, estamos mesmo perdidos. A política potiguar precisa de renovação, de mudança, de pessoas que não apenas falem, mas que façam e que, acima de tudo, respeitem as leis que regem a nossa sociedade.
O recado é claro, Gonçalves: não é só de bandeirão que se faz política. E talvez, ao invés de andar de garupa sem capacete, seria mais produtivo trazer propostas que realmente façam a diferença. Porque, convenhamos, enquanto você se distrai com motociatas, bandeiras e se perde na incoerência política, o povo continua esperando por algo mais substancial.