Asteroides ou cometas que colidiram com a Terra não foram responsáveis pela maioria das extinções, inclusive a que matou os dinossauros há 66 milhões de anos, no Cretáceo. Um novo estudo aponta que as erupções vulcânicas causaram ao menos quatro das cinco grandes extinções em massa do planeta. A pesquisa foi publicada nesta segunda-feira (12) na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS). As descobertas são a evidência mais convincente até agora da ligação entre as grandes erupções e a redução do volume de espécies.
Os pesquisadores utilizaram três conjuntos de dados em escala de tempo geológico e paleobiologia, analisando também grandes províncias ígneas, ou seja, extensas regiões de rocha ígnea solidificada em forma de degraus. Os experts concluíram que quatro entre cinco extinções em massa são contemporâneas a um tipo de derramamento vulcânico chamado basalto de inundação.
Tal derramamento inunda vastas áreas no “piscar de olhos geológico” de apenas um milhão de anos, atingindo até mesmo um continente inteiro. “As grandes áreas de rochas ígneas dessas grandes erupções vulcânicas parecem se alinhar no tempo com extinções em massa e outros eventos climáticos e ambientais significativos”, diz Theodore Green, principal autor do estudo, em comunicado.
Para ser grande, a província ígnea deve conter pelo menos 100 mil quilômetros cúbicos de magma. Segundo o estudo, a maioria dos vulcões que teriam ocasionado os eventos de extinção entraram em erupção na ordem de um milhão de vezes mais lava do que a da erupção do Monte Santa Helena, que espalhou menos de 1 quilômetro cúbico de magma em 1980.
Green trabalhou com especialistas recrutando supercomputadores e comparando as melhores estimativas disponíveis de erupções de basalto de inundação com períodos de extermínio. Então os pesquisadores examinaram se as erupções se alinhariam tão bem com um padrão gerado aleatoriamente e repetiram o exercício com 100 milhões desses padrões.
“Embora seja difícil determinar se uma explosão vulcânica específica causou uma extinção em massa específica, nossos resultados tornam difícil ignorar o papel do vulcanismo na extinção”, conta C. Brenhin Keller, um dos autores envolvidos.
Após elencarem os eventos vulcânicos pela taxa em que expeliam lava, os cientistas descobriram que aqueles com maior taxa de erupção causaram a maior destruição, produzindo extinções mais severas e em massa.
“Nossos resultados indicam que muito provavelmente teria havido uma extinção em massa no limite terciário do Cretáceo de alguma magnitude significativa, independentemente de haver um impacto de asteroide ou não, o que pode ser mostrado de forma mais quantitativa agora”, observa Paul R. Renne, coautor do artigo.
Fonte: Revista Galileu