Assim como a maioria dos corpos celestes, as estrelas se formam, evoluem e deixam eventualmente de existir. As chamadas anãs brancas, neste caso, são consideradas “estrelas mortas” por esgotarem sua energia nuclear, pararem de produzir calor e iniciar um processo de resfriamento que pode levar bilhões de anos.
Contudo, em 2019, dados do satélite Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA), revelaram uma população de anãs brancas que misteriosamente pararam de esfriar, 8 bilhões de anos atrás – como se tivessem achado a “fonte da juventude”. O fenômeno foi descrito em um artigo na revista Nature no último dia 6 de março.
Os cientistas se perguntaram como uma aparente “estrela morta” poderia ainda gerar energia extra que retardasse seu resfriamento. Então, pesquisadores da Universidade de Warwick, no Reino Unido, e da Universidade de Victoria, no Canadá, buscaram compreender melhor a etapa de vida das anãs brancas.
O processo de resfriamento das estrelas acontece a partir do congelamento do plasma denso de seu interior, iniciando uma solidificação de dentro para fora. Mas o estudo revela que o plasma de algumas anãs brancas simplesmente não esfria dessa forma.
Em vez disso, os sólidos formados, como são menos densos que o líquido que os rodeia, tendem a flutuar. Conforme esses cristais sobem, eles acabam deslocando o líquido mais pesado para baixo. Como essa dinâmica se estabelece perto ao núcleo da estrela, energia gravitacional é liberada – suficiente para interromper o resfriamento por bilhões de anos.
“Essa explicação corresponde a todas as propriedades observacionais da população incomum de anãs brancas”, diz Antoine Bédard, um dos autores do artigo, em comunicado. “Esta é a primeira vez que este mecanismo de transporte foi observado em qualquer tipo de estrela, o que é emocionante: não é todo dia que descobrimos um novo fenômeno astrofísico!.”
A hipótese traçada pelos pesquisadores é que esse fenômeno pode acontecer por conta da diferença observada na composição das estrelas. “Algumas anãs brancas são formadas pela fusão de duas estrelas diferentes. Quando essas estrelas colidem para formar a anã branca, isso muda a composição da estrela de uma maneira que pode permitir a formação de cristais flutuantes”, explica o pesquisador Simon Blouin, também autor do artigo.
Fonte: Revista Galileu