81% do desmatamento no Cerrado atingiu 5 bacias hidrográficas

Visando incentivar o debate sobre recursos hídricos, a data 22 de março é Dia Mundial da Água, segundo estabeleceu a Organização das Nações Unidas (ONU). No Brasil, é importante discutirmos sobre o Cerrado, conhecido como a “caixa d’água” do país: em 2023, essa região sofreu desmatamento, sobretudo em áreas de bacia hidrográfica.

No ano passado, 81% do desmatamento no Cerrado — que concentra doze das principais regiões hidrográficas do Brasil — ocorreu em cinco bacias: a do Alto Tocantins, do São Francisco Médio, do Alto Parnaíba, do Itapecuru e do Araguaia. É o que mostram os dados do Sistema de Alerta de Desmatamento do Cerrado (SAD Cerrado), desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).

A derrubada de vegetação ocorreu no norte do bioma e na região do Matopiba, onde ficam nascentes de importantes rios (como o Araguaia e o Tocantins). No total, foram derrubados 1 milhão de hectares.

Mapa mostra as bacias hidrográficas do Cerrado ameaçadas pelo desmatamento, ressaltando as áreas desmatadas em 2023 — Foto: Reprodução/Ipam

Ao perder vegetação nativa, o Cerrado perde também capacidade de absorção e retenção de água e pode sofrer com o rebaixamento dos lençóis freáticos. Os especialistas consideram que esse cenário pode ter elevado o risco hídrico de 373 municípios.

“O desmatamento afeta diretamente os recursos hídricos, e estudos recentes mostram uma diminuição da vazão dos rios no Cerrado nos últimos anos devido às altas taxas de desmatamento no bioma”, constata Fernanda Ribeiro, coordenadora do SAD Cerrado e pesquisadora do Ipam. “Essa redução pode impactar o abastecimento hídrico de cidades, a produção de energia elétrica e a agropecuária”, diz em comunicado do Ipam.

A bacia hidrográfica mais desmatada em 2023 foi a do Tocantins Alto, que também é a maior do Cerrado. Ela é fundamental para o escoamento e a irrigação da produção agrícola no centro do Brasil. Nessa área, o Ipam registrou uma perda de 274 mil hectares de vegetação nativa – ou seja, 26% do que foi derrubado.

A segunda mais prejudicada foi a bacia do Médio São Francisco, onde foram desmatados 200 mil hectares de vegetação nativa (14,4% do total no Cerrado). Essa região contém os principais afluentes do Rio São Francisco que, por sua vez, abastece mais de 15 milhões de habitantes e tem quatro usinas de geração de energia.

Outra bacia bastante impactada foi a do Alto Parnaíba, com 189 mil hectares derrubados (cerca de 13% do registrado no bioma em 2023). Ela se destaca por abrigar nascentes do Rio Parnaíba e fornecer água para irrigação o Matopiba.

Fonte: Revista Galileu

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial