A “nova FEMURN” vem por aí?

Primeiro, é preciso situar no tempo e espaço que desde a criação em 2001, a Federação dos Municípios do Rio Grande do Norte (FEMURN) atendeu a interesses “pouco republicanos” devido à atuação política de seus representantes. Embora tenham sido eleitos para representar os municípios do RN e assistir os prefeitos e prefeituras potiguares, demonstraram disposição em negociar seus próprios interesses políticos.

Em 2022, ocorreu o “ápice” desse desvio de finalidade. A FEMURN foi usada para instrumentalizar o “bolsonarismo” no Rio Grande do Norte. O então presidente da instituição, o prefeito de São Tomé, Anteomar Pereira, conhecido como “Babá” (Republicanos), coordenou a campanha do senador eleito Rogério Marinho (PL) e promoveu o enfrentamento à reeleição da governadora Fátima Bezerra, além de abertamente pedir votos para a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Ou seja, uma instituição que deveria defender interesses comuns dos prefeitos potiguares acabou escolhendo um lado nas disputas políticas. No entanto, mesmo com o poder das emendas do orçamento secreto e influência junto ao governo federal, Rogério Marinho conseguiu conquistar apenas seu próprio mandato de senador. Nem a reeleição da presidência do Governo do Estado nem a presidência da FEMURN foram conquistadas pelo “rogerismo”.

Nesse cenário, Luciano Santos, prefeito de Lagoa Nova, vence a presidência da FEMURN com a missão de restabelecer o caráter democrático e representativo. Ele surgiu como nome de consenso e recebeu apoio de lideranças como Garibaldi Alves, Walter Alves, Rogério Marinho, Ezequiel Ferreira de Souza e Fátima Bezerra. Diante dessa confluência de forças políticas, cabe a Luciano Santos mostrar que a FEMURN não servirá de trampolim para interesses individuais, como aconteceu com Rogério Marinho e Benes Leocádio. Afinal, a FEMURN, com sua estrutura, respaldou a eleição de Benes em 2018 e desempenhou um papel importante em sua reeleição em 2022. Benes, ex-prefeito de Lajes, presidiu a FEMURN antes de se eleger deputado federal. A entidade foi decisiva para o sucesso de seu projeto político, reunindo gestores municipais para fortalecer a base eleitoral.

Desde que assumiu em janeiro de 2023, Santos tem mostrado uma tendência a não repetir seus antecessores. Ele reestruturou e ampliou a Escola dos Municípios, recentemente esteve em Pau dos Ferros levando capacitação para os servidores públicos do município e depois seguirá para Nova Cruz.

No âmbito da Escola dos Municípios, foi criado o Grupo de Trabalho de Desenvolvimento Econômico Municipal com a participação de diversas instituições da administração pública.

Apenas por essas ações, será que podemos esperar o surgimento de uma nova FEMURN? Será que estará mais preocupada com sua missão de representar e defender os interesses da municipalidade, independentemente de interesses políticos eleitorais ou individuais?
Esperamos que sim.

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