Cambridge revela plantas coletadas por Darwin que ficaram 200 anos armazenadas

Nos últimos 200 anos, espécimes de plantas coletadas por Charles Darwin ficaram armazenadas no herbário da Universidade Cambridge, no Reino Unido. As raridades foram um presente de Darwin a seu professor e amigo John Stevens Henslow, fundador do Jardim Botânico da instituição. Pela primeira vez, essas plantas serão reveladas ao público, graças a um documentário do canal britânico Channel 5 sobre a relação entre o aluno e seu mestre.

Darwin encontrou os espécimes durante uma viagem que saiu da Inglaterra rumo ao hemisfério sul em 1831, a bordo do HMS Beagle. O capitão da embarcação, Robert Fitzroy, buscava um naturalista que o acompanhasse na jornada, que ficou conhecida como a “viagem de Beagle”. Foi Henslow quem recomendou Darwin para expedição a serviço da Marinha Real Britânica com o objetivo de produzir a cartografia do continente.

Na época, o biólogo de 22 anos tinha acabado de se formar em Cambridge. Durante a viagem, ele coletou as plantas sobre as quais fala no livro clássico A Origem das Espécies, publicado em 1859.

Aluno e mentor
“Henslow foi um pioneiro do ensino botânico e um grande mentor a Darwin”, disse o dr. Edwin Rose, historiador científico de Cambridge, em entrevista ao jornal britânico The Guardian. De acordo com ele, enquanto estudava teologia na faculdade, Darwin fez o curso de botânica de Henslow três vezes.

O documentário revela também que o professor, um reverendo local, ensinava o que, na época, era chamado de “teologia natural”. “Era tudo sobre coletar exemplos da criação natural — ou seja, inúmeros espécimes de diferentes espécies de plantas — para entender a sabedoria do criador divino e como Deus criou o mundo”, explicou Rose.

O aluno sempre enviava espécimes de plantas ao professor, que lhe escrevia de volta elogiando o trabalho. “Qualquer coisa que Darwin pudesse coletar e enviar a Henslow era vista como valiosa, já que ele estava criando a coleção do museu botânico de Cambridge.”

Amber Horning, curadora assistente do herbário, a curadora dra. Lauren Gardner e dr. Edwin Rose com espécimes e arquivos de Darwin — Foto: Jessica Keating / University of Cambridge

No total, a universidade possui pelo menos mil espécimes coletadas por Darwin. O herbário da instituição foi criado em 1761 e abriga mais de um milhão de espécimes de plantas do mundo inteiro, incluindo 50 mil espécies-tipo, espécimes originais utilizados para descrever novas espécies — é o caso de quase todas as plantas coletadas por Darwin. “Quase tudo que ele coletou, ninguém havia visto antes na Inglaterra”, afirmou Rose.

O acervo de Darwin conta, por exemplo, com um espécime de uma espécie de pepino que é o único de que se tem conhecimento, o que significa que pode já ter sido extinto. Há também o herbário de um espécime de fungo coletado pelo naturalista no Brasil. Este foi encontrado ainda embrulhado no pedaço de jornal que Darwin usava para preservar suas descobertas durante a viagem do Beagle.

Fonte: Revista Galileu

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