Os papagaios de nuca amarela (Amazona auropalliata) usam uma variedade de chamados para fazer contato com outros animais de sua espécie. Por esses chamados, é possível notar os dialetos característicos das diferentes regiões geográficas em que as aves vivem. Isso é o que mostra uma pesquisa publicada no periódico Proceedings of the Royal Society B.
Os pesquisadores da Universidade de Pittsburgh, nos EUA, e da Universidade Estadual do Novo México começaram o estudo ainda em 1994, quando notaram três tipos de contato distintos (norte, sul e nicaraguense) na Costa Rica. Em 2005, uma nova análise da espécie mostrou que os limites do dialeto e sua estrutura acústica permaneciam inalterados.
No período seguinte de 11 anos, contudo, a equipe notou mudanças culturais. Na área em que apenas o dialeto do sul era usado, surgiram novas variantes de chamados. Além disso, foram encontradas mais aves do dialeto norte usando também o dialeto sul.
De 2005 a 2016, mudanças ambientais antropogênicas (isto é, provocadas pelo ser humano) fizeram com que os papagaios de nuca amarela entrassem para a lista de espécies criticamente ameaçadas de extinção, de acordo com a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Antes, a espécie aparecia como “vulnerável”. Nesses 11 anos, houve um declínio da população e aumento da agricultura intensiva.
A pesquisa sugere que os dialetos enquanto tradições culturais podem mudar em resposta a mudanças no ambiente e a alterações na demografia da espécie, o que pode ter “amplas implicações para espécies ameaçadas”, segundo o artigo. A capacidade de aprendizado vocal dos papagaios pode ser ainda uma função adaptativa da espécie na natureza.
Apesar disso, são necessários mais estudos para estabelecer uma relação direta entre as mudanças no dialeto e o declínio na população de papagaios. A espécie Amazona auropalliata é predominante ao longo da região do sul do México até o território da Costa Rica.
Fonte: Revista Galileu